Soube pelas notícias que morreu ontem o Mestre Lagoa Henriques. Como escultora que sou não quis deixar de pôr aqui uma palavra sobre isso...
O primeiro contacto que tive com ele foi no secundário, algures antes do 12º ano, quando uma professora de História da Arte resolveu (e bem) pô-lo a falar connosco sobre arte no geral e escultura no particular. Desse encontro não tenho presentes os pormenores da conversa, mas lembro-me bem do quanto gostei de o ouvir! Na altura estranhei o Mestre antes do nome. Parecia-me uma estranha reverência, mas ao mesmo tempo muito carinhosa por parte dos que a usavam.
Mais tarde, já em Belas Artes vi-o aqui e ali, e sobretudo nas conferências que por lá se davam e para as quais ele era convidado. Falava pelos cotovelos, com uma vivacidade e sentido de humor fantásticos! E tinha esse condão de nos fazer sentir artistas, ou melhor, dava à condição de artista uma aura qualquer que nos fazia querer acreditar que afinal tínhamos acertado no curso :) Ouvi-lo falar dava vontade de ser escultor!
E foi lá enfim que percebi que Mestre não era título. Era nome próprio.
3 comentários:
Foi um grande Mestre. Deixa muitas saudades. Na primeira aula do primeiro ano do curso da ESBAL entrou e disse "Bom dia senhores arquitectos". O bom humor seguiu pela aula fora e por todos os anos em que tivemos contacto.
Estou fazendo uma campanha de doações para criar uma minibiblioteca comunitaria na minha comunidade carente aqui no Rio de Janeiro,preciso da ajuda de todos.Doações no Banco do Brasil agencia 3082-1 conta 9.799-3 Que DEUS a~bençõe todos nos.Meu e-mail asilvareis10@gmail.com
Numa quarta-feira, algures em 1985.
Aula de Comunicação Visual na ESBAL.
Professor Lagoa Henriques.
Anfiteatro apinhado.
Pergunta o Mestre Lagoa para a plateia:- "O que é DESENHAR?"
Após uma acesa discussão, o MESTRE pega no seu diário gráfico e lê-nos, porventura a melhor definição de DESENHO que eu alguma vez ouvi:
"Desenho.
Exercício de representação. Permanente descoberta duma realidade a um tempo exterior e interior. Registo consciente e deslumbrado manifestando o entendimento das estruturas, marcando deliberadamente opções de intervenções na selecção dos referentes bem como dos suportes e materiais actuantes. Riscar é arriscar. Condenados à morte desde a primeira hora procuramos por obras mais ou menos valorosas, de memória em memória, o risco libertador" - (Lagôa Henriques)
Enviar um comentário