30 outubro, 2012

5º encontro de Ilustração em São João da Madeira

Entre 15 e 20 de Outubro estive em São João da Madeira no 5º Encontro Nacional de Ilustração!
A estafa da semana anterior e meu cérebro amnésico pré-menstrual fizeram-me deixar em casa algumas coisas importantes como pasta de dentes, champô, pensos (sim, como é que é possível!?) e a bela da máquina fotográfica, de modo que não pude trazer comigo nenhuma foto.

"Ah mas era um encontro de ilustração por isso fartaste-te de desenhar, não foi?"
Não. Eu sei que devia mas estava assim tão mole...

Aterrei no norte na terça feira dia 16, segundo dia do encontro e ainda com poucas actividades e aproveitei para me ambientar e conhecer (ou reconhecer) alguns dos presentes. E já lá havia um ou outro amigo :)

Na quinta feira tive um dia cheio e brutal! Fomos visitar a fábrica de lápis da Viarco!!! E o que é que pode ser melhor do que isso, perguntam vocês? Fazer essa visita guiada pelo José Miguel Vieira, sócio gerente da Viarco, quem tem um sentido de humor brutal!
A fábrica tem o ar de quem parou de facto no tempo.
Começamos numa sala de rés do chão onde se faz a mistura de grafite com argila (não me lembro da descrição toda por isso é possível que este post tenha umas gaffes). Toda a sala tinha uma patine de grafite de tal modo que tudo o que tocávamos ou onde nos encostávamos nos sujava naquele tom prateado escuro. Era lindo! 
As máquinas ainda são as da fundação... tão antigas que o termo usado pelo José Miguel foi arqueologia industrial! E era mesmo. A grande vantagem destas máquinas é que apesar de já não se produzirem em mais lado nenhum, tem uma mecânica tão arcaicas, analógicas e "simples" que é possível fabricar peças novas - num torneiro diria eu - quando alguma se estraga.

Dali seguimos para uma sala onde estavam uns senhores a colar papelinhos à volta de lápis de cera grossos. Vimos um afia industrial a afiar carradas de lápis com a tabuada impressa (um clássico). E por todo o lado havia montes de caixas de lápis: gordos e fininhos, com mina igualmente gorda ou fininha, os lápis azuis dum lado e vermelhos do outro e outros com muitas cores! E também havia barras de grafite descomunais e outras novidades da Viarco como os produtos Art Graf.

Depois foi a vez de seguirmos até ao andar de cima onde cheirava fortemente a verniz e tinta: Era o sitio onde se pintava o exterior do lápis, numa máquina onde por um lado entrava um lápis ainda de madeira e do outro lado saía com uma patine azul cueca. Precisava de umas seis passagens nessa máquina para ficar bem. Pensem bem antes de roer um lápis... eles custam mesmo muito tempo a fazer e aquelas tintas não devem ser muito boas para comer :)

Havia também uma senhora sentada à frente de uma máquina que escrevia umas letras em lápis. O método é o da serigrafia, em que o lápis é colocado nuns dedinhos e erguido até uma superfície plana tipo tecto - onde está a tela com as letras - e depois rolado nesta superfície para ficar com a impressão das letras. No ir e vir destes dedinhos era preciso tirar o lápis pintado com uma mão e colocar o lápis novo isto tudo num espaço de tempo que me pareceu inferior a 5 segundos! Uma verdadeira linha de montagem!

Dá vontade de mandar fazer lápis :) era lindo ter uns a dizer ilustrana... quem sabe um dia.

E dali seguimos para a loja da Fábrica onde eu pude comprar o fabuloso black carbon da Art Graf!! É um pedaço de grafite de formato quadrangular que dá para pegar e riscar mas também dá para atacar com o pincel húmido e pintar... e dá uns negros liiindos de morrer!! Mais escuros que os da grafite aguarelável da Art Graf que eu já conhecia.

Nessa noite tivemos o jantar da abertura oficial do Encontro e recebemos um mimo (mais um da parte desta organização incansável) que incluía uma caixa de lápis de cor Color add, com um sistema de símbolos para ajudar os daltónicos a identificar as cores.

Foi um dia do camandro!

À medida que a semana foi avançando fomos tendo mais actividades, palestras e exposições para ver.
Participei com dois desenhos na exposição que pode ser vista nos Paços da Cultura e espero que em breve todos os desenhos participantes possam ser vistos algures na net... ou numa biblioteca municipal perto de vós, uma vez que é uma exposição itinerante.

Tive oportunidade de conhecer uma artista suíça (francófona) chamada Albertine com um trabalho simplesmente delicioso e sobre o qual espero poder dedicar um post exclusivo em breve... e aproveitei para espremer o meu francês todo. Ainda consigo falar um pouco embora só tenha estudado durante 3 anos no secundário e saia aos solavancos e semi entrecortado de alemão :)

E porque o post já está longo, vou-me ficar por aqui. Mas quero mesmo regressar a alguns dos temas aqui tocados em breve!

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