21 fevereiro, 2011

O porquê das coisas

Será que nunca ninguém disse ao Paul Simon que ele tinha uma franjinha totó?
Ou se lhe disseram, será que ele nunca ligou?
Porque é que o Garfunkel aparecia sempre atrás, sendo ele tão mais bonito que o Paul?
Será que era porque o Simon era baixinho?
Provavelmente...

(Durante uns bons anos apanhei o eléctrico 28 para ir para a Faculdade de Belas Artes, e essa frequência permitia-me reconhecer os meus "vizinhos de transporte publico". Conhecia de vista as velhinhas, os doidos, as bailarinazinhas do Conservatório... enfim.
Várias vezes viajei com um senhor muito parecido com o Arthur Garfunkel, que eu olhava imensamente na fantasia de um dia encontrar num espaço tão ordinário como um 28 um Garfunkel assim, tão jovem e bonito e cheio de caracóis... independentemente do facto de ele na realidade ter idade para ser meu pai...

- Mas desde que uma amiga minha tinha visto o Gerard Depardieu num elevador dos Armazéns do Chiado que eu achava a minha fantasia perfeitamente plausível -

No entanto só nunca lhe falei porque não quis rebentar essa bela bola de sabão que era a minha fantasia (e porque seria ridiculo meter-me com um homem na base do "fazes-me lembrar fulano de tal".
Um dia no Pingo Doce, depois de muito nos termos cruzado entre as prateleiras das bolachas e do papel higiénico, encontrámo-nos na fila para pagar, atrás de mim, e os meus nervos foram tantos ou tão poucos que espalhei os meus trocos todos, corei e fugi.
Depois os anos passaram, acabou a Faculdade e nunca mais andei de 28.
E nunca mais o vi.)

1 comentário:

Guto Respi disse...

Ana, um dia destes você o encontra em um elevador..
Ilustração singela e linda!

Abraços