No passado dia 3 de Junho fui a um pequeno workshop de três horas no Centro Cultural de Belém. Não era um workshop prático, como por momentos cheguei a pensar, mas antes uma mostra feita por uma editora de livros infantis galega que para além de falar do seu trabalho fazia uma achega à história da ilustração.. Muito interessante!
A Editora chama-se OQO e funciona a partir de Pontevedra, Galiza. Disponibilizei o link para o site deles ali ao lado.
Esta editora parte de uma ideia muito simpática de procurar publicar contos de diferentes países e culturas para dar às crianças um leque mais alargado de estórias (sendo que as mais tradicionais têm versões semelhantes de país para país...). Têm também o bom gosto de trabalhar com excelentes ilustradores, de técnicas bastante diferentes. Foi apresentado por duas senhoras, em galego (que é uma língua linda), sendo que uma delas era uma narradora de contos, se assim lhe posso chamar, que aparecia de vez em quando para nos ler/ contar/ mimar uma estória, como no tempo em que éramos todos putos e nos contavam estórias! Foi uma bela experiência!
Do workshop fiquei com algumas ideias curiosas. Falou-se por exemplo que o conto está ligado aos ritos ancestrais. Segundo esta teoria todas aquelas estórias das criancinhas que se perdem na floresta e que têm de se safar sozinhas, poderiam vir de um rito de passagem de iniciação das crianças no mundo dos caçadores (a passagem para a idade adulta). Não sei se esta teoria estará completamente correcta, mas gostei da associação de ideias... Ainda hoje há culturas em que os jovens rapazinhos têm de fazer uma prova de coragem antes de serem considerados homens.
No caso dos contos, a bruxa má ou o lobo mau seriam os refentes de perigo que as crianças teriam de conhecer, enfrentar e vencer.
Falando em bruxas e lobos.. porque é que há tantas estórias infantis de medo se as crianças são tão impressionaveis? Bem, as estórias infantis de terror têm a sua razão de ser porque permitem à criança projectar os seus medos numa coisa concreta para os poder superar.
(to be continued)
1 comentário:
Oi, Ana!
Se te interessa a questão dos ritos de iniciação, sugiro o livro "Psicanálise dos Contos de Fadas". O autor é Bruno Bettelheim e é publicado pela Bertrand.
É interessante porque aquelas situações comuns como a princesa trancada na torre ou o herói que a salva são afinal símbolos para coisas que todos nós vivemos ao longo da nossa vida. São as coisas com que aprendemos e crescemos e são elas que nos põem a caminho do "e foram felizes para sempre". :)
Eu tenho um exemplar. Se quiseres empresto-te.
Sara
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