19 junho, 2006

(E ela corou) Parte dois

Passei imenso tempo a pensar no blog. Tanto tempo que nessa tarde, mesmo mergulhada na festa de anos da minha cunhada, continuava a desenhar versões (bem mais piegas digamos..) daquela sensação.
Às vezes desenhar acaba por ser assim, mesmo que não seja nada de especial torna-se obsessivo. Quando desenhei as primeiras Princesas da Ervilha andava com umas insónias desgraçadas (para mim a princesa tornou-se apenas mais uma miúda que não conseguia dormir).
Demorei-me bastante em cada colchão porque aquilo fazia sentido na altura, todas as risquinhas, pintas e cornucópias eram só uma das formas de expressar a embrulhada que ía cá por dentro. (Será que nos nossos rabiscos enrolamos mais quando estamos preocupados? Hei-de reparar...)
Costumava dizer que tenho tendência para desenhar as pessoas de quem gosto muito... mas também as de quem gosto muito pouco. Não posso atirar um piano de cauda para cima de todos os que me chateiam, mas posso desenhá-lo... ehehehe!
Já diz Vicente Ferrer, Quando alguém desenha ou pinta uma pessoa com uma saca de carvão sobre os ombros, não é muito consciente de que está a condenar essa figura a carregar com um peso terrível para toda a eternidade (...) Toda a eternidade do papel, que também não é assim tanto tempo.
Definitivamente, agrada-me...
Nota: excerto dum texto excelente de Vicente Ferrer sobre ilustação, retirado do livro Ilustração Portuguesa 2004, editado pela bedeteca de Lisboa e CML.

6 comentários:

Anónimo disse...

...

Sara CS disse...

Pudesse eu desenhar pianos em cima de quem me "atormenta" e seria uma rapariga ainda mais feliz, lol!

mfc disse...

Sim, quando estamos mais embrulhados os nossos riscos também se embrulham: não sei onde li, mas era num lugar credível e era mais ou menos factual.

E é bom reflectir sobre o blogue, dá-nos uma direcção sobre aquilo que queremos fazer. Pelo menos com ele.

Ana Oliveira disse...

Vodka: eu estava a falar do outro blog, e não do meu... mas inevitavelmente pensar num outro blog é pensar no nosso, não? Pelo menos se isso nos faz escrever...

Avozinha disse...

Parabéns à tua cunhada e beijinhos à princesa ervilha.

Ana Rute Oliveira Cavaco disse...

lol.
eu queria saber desenhar assim!